quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Resenha - A Sangue Frio, Truman Capote

Título: A Sangue Frio
Autor: Truman Capote
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 440

Um assassinato sem precedentes, numa pequena cidade do interior. Dois criminosos condenados à morte. Um escritor que, em busca da verdadeira história, se perde entre realidade, ficção, crime, castigo, e inaugura uma nova fase no jornalismo mundial.
Truman Capote foi, sem dúvida, um homem polêmico, que soube utilizar o seu talento – não só ao escrever, mas também no trato social. "A sangue frio" é, indiscutivelmente, a maior de todas as suas obras, e a que mais rendeu discussões. Principalmente pelo fato de que durante todos os anos de busca e pesquisa, ele não fez nenhuma anotação. Segundo Capote, tudo foi minuciosamente guardado em sua memória.
"A sangue frio" conta a história dos protagonistas de um brutal assassinato ocorrido em Holcomb, uma pequena cidadezinha no estado de Kansas, Estados Unidos. Capote dedica grande parte do seu livro descrevendo as vítimas, os quatro membros da família Clutter.  Herbert, Bonnie e seus filhos Nancy e Kenyon são apresentados minuciosamente ao leitor, que adentra em seu cotidiano, gostos, tiques, e maneiras de viver. Também são postas luzes sobre a vida de Perry Smith e Richard Hickock, dois assassinos, que vieram de um contexto social difícil e que supostamente contribuiu com a escolha da forma de vida dos dois.
Toda a narração é tão rica em detalhes, forma, e conteúdo, que deixa a interminável dúvida: até onde vai a realidade, e quando ela já começa a se misturar com a ficção e com a vasta imaginação do autor? Mais ainda, devido ao convívio íntimo que Capote teve com os assassinos, em especial com Perry Smith, com quem dizem que manteu relações íntimas homossexuais, o leitor se vê diante de fatos que nem sempre podem estar sendo narrados com a imparcialidade que deveriam.
O assassinato, que supostamente foi em troca de alguns poucos dólares e alguns utensílios da família, chocou moradores da cidade, e ganhou repercussão nacional. Capote se sentiu atraído pela história, e logo foi para o Kansas, em busca da versão dos moradores, dos assassinos, e das suas próprias impressões sobre tudo o que ocorrera ali. Na narração, o enfoque principal não é “Quem matou”, e sim “como” e “por que”.
Após todos os anos de convivência com os criminosos, era notório o seu envolvimento. Dizem que ao escrever o fim do seu livro, que tem uma ponta de nostalgia e profunda tristeza, Capote tinha suas mãos trêmulas, e olhos cheios de lágrimas. O escritor, que não conseguiu se distanciar de seus personagens, acabou tendo a sua própria história mesclada com a da tragédia.
Depois de "A sangue frio", Truman Capote não escreveu mais nenhum clássico, ou best-seller. Na verdade, foi afundando nos vícios e morreu jovem, e sozinho. É como se, ironicamente, ele mesmo não tivesse sido capaz de ter o sangue frio suficiente para enfrentar a própria realidade.

Como diz um trecho da orelha do próprio livro, “'A sangue frio' escancarou o lado sombrio do sonho americano do pós-guerra. As saídas são poucas, tanto para os assassinos, criados em um ambiente pobre e fraturado, como para a família, abastada e exemplar, cujo ideal de realização parece não ir muito além de assar tortas de cereja para a feira do condado.” É uma obra prima, independendo da sua veracidade ou polêmica.

Um comentário:

  1. Oi, conheça meu blog que fala especificamente do livro A historia de uma paixão
    Há muita gente gostando do livro.
    http://escritorpaulo.blogspot.com.br/
    desculpa por comentar algo nada a ver com a postagem.

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