Título: A vida que ninguém vê
Autor: Eliane Brum
Editora: Arquipélago Editorial
Ano: 2006
Páginas: 196
Autor: Eliane Brum
Editora: Arquipélago Editorial
Ano: 2006
Páginas: 196
Um aleijado pedinte, um carregador de malas que quer voar,
duas mulheres enclausuradas num asilo. Um álbum, uma vassoura que é um cavalo,
o caixão branco, que pequeno, mostra a tristeza de uma vida interrompida muito
cedo. O que tudo isso têm em comum? Muito mais do que se pode imaginar. São
fragmentos de vidas que ninguém percebe, ou às vezes prefere ignorar. Desses
fragmentos uma jornalista gaúcha conseguiu tirar lições de vida, todas
ajuntadas num livro vencedor do 49° Prêmio Jabuti, como o melhor livro de
reportagem em 2007.
“A vida que ninguém vê” é certamente uma obra prima, escrita
por uma das grandes figuras do jornalismo brasileiro. Eliane Brum, quando
criança, queria ser astrônoma, mas por causa da matemática acabou se tornando
uma profissional da arte de escrever. Ainda bem. E hoje, já ganhou mais de 30
prêmios de reportagem, no Brasil e no exterior. Um trabalho recompensado, e
reconhecido.
Um dos seus primeiros trabalhos que se destacaram, foi a
viagem pelos caminhos trilhados pela “Coluna Prestes”. Foi quando desmistificou
muitas histórias que tinham se multiplicado sobre a Coluna. Para Eliane, isso é
o que faz o jornalismo a melhor profissão do mundo. Poder levar histórias assim
para as pessoas, querendo fazê-las ver a vida de uma forma diferente. Mas de
alguma forma, também mostrar o cotidiano, que é cruel e bate à porta de milhões
de brasileiros diariamente.
Em “A vida que ninguém vê”, com seu estilo característico,
ela consegue trazer humanidade fazendo com que o leitor quase se coloque ao
lado do personagem. E quem lê, de repente se vê torcendo para que ‘seu’ Adail
consiga voar, e que o ‘sapo’ consiga mudar de vida., ou quem sabe, querendo ver
todo o álbum com suas histórias de vidas que se misturaram, e se perderam...
São fatos, detalhes, coisas e pessoas que carregam em si seus significados e
marcas da vida. E com o texto vivo que só o jornalismo literário consegue ter,
tudo isso pode ser ampliado, e carregado para o mundo que antes ignorava e
oprimia todas essas verdades. Como a própria Eliane afirma no posfácio, tudo é
uma questão de olhar, de percepção. E é um olhar diferente que conta essas
histórias, de vidas que ninguém vê.
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